segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Formação Continuada

Este blog tem com um dos seus objetivos a promoção da formação dos agentes da Pastoral da Comunicação. Queremos dialogar com você sobre os vários aspectos dessa pastoral, proporcionando o nosso crescimento mútuo. Convidamos cada agente espalhado por nossa Arquidiocese a participar dessa ciranda da comunicação. Mande sua sugestão, dúvida ou crítica. Comente os nossos textos!

Perfil do Agente da Pastoral da Comunicação


Quando se
vai constituir uma equipe de Pastoral da Comunicação, a primeira preocupação é: quem pode atuar nesta pastoral? Qual é o perfil do agente da Pascom? Será que é uma pastoral que pode ser formada apenas por jornalistas, publicitários, radialistas, especialistas em marketing e relações públicas?


Claro que é muito bom quando profissionais da área da Comunicação Social se engajam na Pascom. Mas, para ser agente da Pascom, basta gostar da “boa comunicação”, ter interesse em conhecer o pensamento da Igreja sobre o assunto, aprender mais sobre o uso das técnicas das novas tecnologias... enfim, ser um apaixonado por este mundo da “Comunicação Social”. E mais: estar disposto a ser um verdadeiro agente desta Pastoral, que não é de brincadeiras, mas uma pastoral séria, assim como as demais, e que tem muito trabalho a ser feito, nas dioceses, paróquias e comunidades. “A cultura da comunicação requer pessoas que se disponham e assumam a missão de comunicar, sendo capazes de abraçar o ideal a que esta pastoral se propõe. Um grande ideal, uma grande paixão por Jesus Cristo e pelo seu Reino ajudará os agentes a se posicionarem em sua missão” (Pastoral da Comunicação – Diálogo entre fé e cultura – p. 92).
1) Jesus Cristo: o Comunicador Perfeito
Costumamos dizer que o agente da Pascom precisa ter um diferencial: ele é um “comunicador cristão”. Ele não pode ser um “astro”, uma “estrela” dos Meios de Comunicação. Alguém que não busca os holofotes. É como disse, certa vez, João Batista sobre Jesus: “Convém que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3, 30).

A pergunta, então, é: “Que modelo comunicacional deve nortear nossas práticas?”
O modelo de comunicação cristã tem como fonte inspiradora o Mistério Trinitário (comunitário) de Deus - Pai, Filho e Espírito Santo. A comunicação intra-trinitária é tão perfeita que leva é perfeita comunhão entre três pessoas divinas: unidade. Em toda a história humana, Deus toma a iniciativa de se comunicar com o seu povo. Em cada momento e em cada contexto, Deus se comunica através de sinais adequados à compreensão do homem e da mulher, a partir da realidade história em que estavam vivendo.
O desejo de comunicação de Deus junto ao seu povo é tão grande que Ele resolve se comunicar de igual para igual com os homens e mulheres na história. Por isso, assume as características humanas e vem para o meio da realidade vivida pelas pessoas, através do seu filho, Jesus Cristo.
Ele (Jesus) é o modelo de comunicador perfeito. Ele é o próprio Deus que encarna e mostra como deve ser a relação de comunicação entre as pessoas. Por isso, todo agente da Pascom deve seguir o exemplo de Jesus Cristo. Ele nos ensina um modelo de comunicação que serve para todo comunicador cristão, orientando suas práticas, em quaisquer circunstâncias, desde o contato com as pessoas mais simples, até o uso dos meios de comunicação mais sofisticados. Seguir o modelo de comunicação de Jesus requer auto-avaliação constante, conversão e urgente mudança de atitudes.
A Irmã Élide Fogolari e a professora Rosane Borges, no livro Novas Fronteiras da Pastoral da Comunicação, afirmam: “A espiritualidade do comunicador cristão se fundamenta no exemplo de Jesus Cristo, que optou por um processo inculturado e dialógico de comunicação”. Citando o Documento 59, da CNBB, as duas autoras acrescentam: “O comunicador cristão, como um ser em relação com Deus e voltado para seus irmãos, em permanente espírito de acolhida, coloca suas habilidades e conhecimentos técnicos a serviço da Pastoral de Conjunto e das diversas pastorais da Igreja”.
E qual é o modelo de comunicação ensinado por Jesus Cristo?

a) Ia ao encontro das pessoas – quando as pessoas se sentiam acolhidas, valorizadas e escutadas por Jesus, mudavam de vida, mesmo quando seus pecados eram considerados horríveis pela sociedade da época. Certamente eram pessoas que não se sentiam bem porque praticavam coisas erradas, porém, não viam outra saída a não ser permanecer nos erros habituais. Mas, a comunicação de Jesus lhes mostrava perspectivas diferentes, saídas e possibilidades para começar um novo jeito de viver, com qualidade de vida. Assim aconteceu com Zaqueu (cf. Lc 19, 1-10), por exemplo.

b) Acolhia e ouvia quem queria lhe dizer algo – Lembram do cego de Jericó, gritando no meio da multidão, querendo entrar em comunicação com Jesus, para lhe falar do seu desespero e da sua vida? Jesus para, pede que tragam o cego até ele e ali se instaura uma nova fase, na vida daquele homem (Mc 10, 46-52). Já pensou quantas possibilidades se abriram para aquele que vivia como pedinte, dependente de guias, privado de enxergar igual aos outros? Com a vista recuperada, ele recuperou, também, a auto-estima, a cidadania, a chance de conduzir sua própria vida...

c) Valorizava a pessoa / interlocutor – Na hora do sol mais quente, de maior cansaço físico, Jesus encontra a samaritana, no meio de seus afazeres, à beira do poço (cf. Jo 4, 1-30). Ele encontra uma mulher, talvez mais rejeitada e inferiorizada naquela época, do que em nossa cultura. É com essa mulher subjugada ao anonimato, portadora de outra cultura, numa região de tantas dificuldades, que Jesus puxa conversa e estabelece diálogo. Sua comunicação a encanta, desperta interesse e tem sabor de vida. Ela logo percebe o diferencial daquele jeito de comunicar. Sentiu-se valorizada. Jesus age com simplicidade: pede água e se iguala à condição social da samaritana, que também viera buscar água. Ali, ambos expressaram seus pontos de vista, sem que nenhum saísse prejudicado, nem pela condição de gênero, nem pela diferença cultural e nem por outras questões.

d) Falava com atitudes – a credibilidade de Jesus vinha de suas atitudes. O que o povo ouvia de Jesus era condizente com a sua prática. A evangelização passa, necessariamente, pelo testemunho. As atitudes de Jesus comunicavam esperança e certeza numa vida nova, diferente daquele modelo vigente na sociedade da época. Os olhos do povo brilhavam diante da comunicação calorosa e testemunhal de Jesus.

e) Falava coisas de se entender – as palavras de Jesus tinham sabor de vida, de realidade, da cultura de cada região em que ele ia passando e pregando. Atraía a beleza daquelas falações cheias de significado para o povo. Jesus contava histórias, narrava e falava de igual para igual. O mais curioso é que ninguém ficava tímido para falar diante de Jesus. Para conversar com Ele, vinham os cegos, os leprosos, os pobres, os considerados mais pecadores, as criancinhas, e Jesus falava a linguagem de todos eles. É por isso que o povo sentia prazer de escutar Jesus, a ponto de passar um dia inteiro andando de um lugar para outro, com fome, atrás dele. O povo tinha mais fome da Sua comunicação, do que de comida.

f) Era simples – a simplicidade de Jesus era o que mais chamava a atenção de quem entrava em comunicação com Ele. Enquanto alguns se preocupavam com a retórica, com a arte de falar bonito para esnobar, nos lugares públicos, diante de platéias selecionadas, Jesus procurava os lugares onde havia gente esquecida e denegada. Qualquer lugar era lugar de comunicação, para Jesus, e qualquer pessoa merecia a atenção dele. Subia nas barcas, chamava pescadores para seguí-lo, comia na casa de gente “errada”, subia para pregar em cima das serras, caminhava a pé e vivia a vida normal das comunidades. Ele não dava destaque a si mesmo. Anunciava, com entusiasmo, a boa notícia de que um novo reino, um novo modelo de sociedade era possível de ser construído.

g) Planejava e sabia o que queria – Jesus planejava tudo. Tudo dele era pensado e avaliado, antes. Até para enviar os discípulos, mandou que fossem de dois em dois, pois conhecia muito bem, como, na realidade, tudo seria muito difícil. Quando vai entrar em Jerusalém, ele planeja uma entrada que cause impacto e repercussão. Manda, primeiro, buscar um jumentinho, monta e, certamente, já havia muita gente articulada e avisada para recebê-lo. Como Ele queria mostrar que o seu modelo de sociedade era diferente, planejou uma entrada triunfal, mas, com muita humildade (cf. Mt 21, 1-7)

h) Utilizava os meios para chegar a um fim – Jesus usou todos os meios de que dispunha em sua época, com o objetivo de melhorar a qualidade da sua comunicação. O meio de comunicação, para Ele, era apenas auxiliar. A barca e a montanha, por exemplo, foram meios usados para amplificar a sua comunicação, fazendo com que sua voz e seus gestos chegassem mais longe. E não era em todo momento que Jesus usava a barca. Era de acordo com a realidade, com o contexto e a necessidade. O que Jesus queria mesmo era comunicar, estabelecer diálogo com as pessoas, olhando olho no olho, face a face. Deus havia se tornado homem, porque somente a pessoa tem todos os recursos de comunicação para entrar em sintonia com o outro. Depois de ter experimentado todas as tentativas de estabelecer comunicação com o ser humano, Deus radicaliza e resolve se tornar pessoa humana, encarnando-se, para se revelar melhor.

i) Era portador da Boa Notícia - apesar de ser contra as estruturas sociais e políticas de seu tempo, Jesus não andava pregando desgraças. Ao contrário, ele anunciava possibilidades. E era anunciando possibilidades de uma vida nova, de uma sociedade justa e solidária, que Jesus fazia o povo se tocar de que muita coisa precisava mudar. Ele diz que Lázaro não morreu, que o cego vai passar a ver, que Madalena pode ficar de consciência tranqüila, pois seus erros já foram perdoados. A positividade fazia parte da comunicação de Jesus, animando cada pessoa e as comunidades, em busca de uma vida nova.

j) Trabalhava em equipe – A primeira coisa que Jesus fez, mesmo antes de começar a sua vida pública, foi compor uma equipe de trabalho. Antes de começar o trabalho, ele escolheu os doze apóstolos para trabalhar com ele. Com eles, Jesus dividiu responsabilidades, caminhou de um lugar para outro, promoveu momentos de capacitação (ensinando-os), realizava momentos de oração e planejava as coisas. Jesus era um coordenador do seu grupo. Portanto, o modelo de coordenação, na igreja, é o modelo de Jesus: não centraliza, não impõe, dá espaço para os outros crescerem, ajuda o grupo a discernir as coisas e acertar. Coordenar, na visão cristã, é estar a serviço.

l) Avaliava a eficácia de suas ações – se Jesus fosse autoritário não teria dado atenção ao que as pessoas e comunidades pensavam sobre Ele e sobre o seu trabalho. Mas, sua prática revelava uma pedagogia nova e um exercício de autoridade inédito, colocando em xeque o velho modelo. Por isso, avaliava o que fazia. Queria saber como estava repercutindo o seu trabalho, junto às pessoas e comunidades. Avaliava em dois níveis: no âmbito da comunidade e dentro da equipe de trabalho. Primeiro pergunta: “quem dizem que eu sou?”. Depois, faz a avaliação com os seus próprios discípulos: “E vocês?” (cf Mt 16, 13-19). A avaliação é imprescindível em qualquer trabalho pastoral.
m) Cuidava da mística: se retirava para orarJesus mostrava aos seus seguidores a necessidade de cuidar da espiritualidade e da mística, para perseverar na prática da comunicação cristã. É uma prática exigente, comprometida, e isso requer, do comunicador, meditação, oração e recolhimento, para se abastecer com o combustível da fé.
Produzido por

Cacilda Medeiros – da coordenação da Pastoral da Comunicação, na Arquidiocese de Natal/RN

Francisco Morais – colaborador da Pascom – Arquidiocese de Natal

Um comentário:

  1. Muito bacana esse artigo para nós que somos agentes da PASCOM. Sou membro dessa linda Pastoral da Paroquia de Nossa Senhora das Candeias, e sou muito feliz por evangelizar através da comunicação.

    Um forte abraço!!!

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