Qual a relação entre star, sucesso e Evangelho?
Uma das categorias fundamentais que encontrei no universo midiático foi o
sucesso. Sucesso ligado à audiência e, portanto, à publicidade e ao dinheiro.
Os americanos, mais do que nós mergulhados nesta cultura, surpreenderam-me
sempre quando perguntavam de chofre: “Você faz sucesso?” Proveniente de uma
cultura literária onde prevalecem idéias justas e talvez humildes, eu quase me
escandalizava. Uma outra categoria, equivalente à do sucesso, é a do star system. Basta lembrar o filme Jesus Cristo, Superstar! Teria Jesus cultivado o sucesso? Podemos
considerá-lo uma estrela? Como cristãos, devemos procurar o sucesso, entrar na
corrida pela audiência, na busca do estrelismo? Dizia-me Pe Antônio Rego,
realizador de programas religiosos na televisão portuguesa: “Quando eu fazia
meus primeiros programas para a televisão, consagrava todo tempo à criação e à
produção de uma boa mensagem. Hoje, na condição de diretor de programa na TV1,
passo meu tempo no controle de audiência”. É este o bom caminho? Apesar de
minhas reticências sobre o assunto devo reconhecer que existe uma certa
conivência entre o Evangelho e as categorias midiáticas de star e do sucesso. Qual a relação entre sucesso e Evangelho?
Encontro no dicionário a primeira resposta a esta pergunta. Depois de se
referir à etimologia da palavra sucesso
(successus, succedere, avançar
sobre), o dicionário Robert dá uma
primeira definição: “Aquilo que acontece de bom ou de mau após um ato, um fato
inicial”. Embora o termo tenha sido utilizado posteriormente no sentido de
êxito e bom resultado, eu o tomo aqui no seu sentido primeiro e fundamental: a
essência do sucesso não é o êxito, mas o impacto. Realmente, como negar que
Jesus fez sucesso? Sua pessoa e suas ações tiveram enormes resultados durante
sua vida, e mais ainda depois de sua morte. A Bíblia, que contém o livro dos
evangelhos, permanece como o maior sucesso mundial de livraria de todos os
tempos. Posso acrescentar: o Evangelho está intrinsecamente ligado ao sucesso
no sentido de impacto. No dia em que o impacto acabar, o Evangelho acaba.
Podemos imaginar Jesus tomando o
ônibus, indo à periferia das grandes cidades: Paris, Nova York, Tóquio,
Londres, Calcutá, São Paulo. Jesus perdendo-se nessas “supercidades” de 20 a 50
milhões de habitantes que, a não ser em caso de catástrofe, se desenham em
nosso futuro. Jesus empurrando um carrinho nos supermercado, Jesus nos
arrabaldes, ricos ou imundos, proibidos ou protegidos pela polícia. Jesus no
meio de desempregados e velhos, com jovens de penteados espetaculares. O que
Jesus teria dito? Ele choraria sobre as nossas cidades como chorou sobre
Jerusalém? Uma coisa pode ser considerada certa: ele faria sucesso, no sentido
de impacto. Como no passado, ele despertaria o entusiasmo e o conflito. Por
quê?
((BABIN
Pierre e ZUKOWSKI Ângela An. Mídias chance para o Evangelho. Edições Loyola, São Paulo, 2005.)
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