sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sucesso x Evangelho

Que tal aproveitar o fim de semana para uma reflexão? Segue um bom texto sobre espiritualidade e comunicação. Partilhe com seu grupo de Pascom, com seus amigos!

Qual a relação entre star, sucesso e Evangelho?



Uma das categorias fundamentais que encontrei no universo midiático foi o sucesso. Sucesso ligado à audiência e, portanto, à publicidade e ao dinheiro. Os americanos, mais do que nós mergulhados nesta cultura, surpreenderam-me sempre quando perguntavam de chofre: “Você faz sucesso?” Proveniente de uma cultura literária onde prevalecem idéias justas e talvez humildes, eu quase me escandalizava. Uma outra categoria, equivalente à do sucesso, é a do star system. Basta lembrar o filme Jesus Cristo, Superstar!  Teria Jesus cultivado o sucesso? Podemos considerá-lo uma estrela? Como cristãos, devemos procurar o sucesso, entrar na corrida pela audiência, na busca do estrelismo? Dizia-me Pe Antônio Rego, realizador de programas religiosos na televisão portuguesa: “Quando eu fazia meus primeiros programas para a televisão, consagrava todo tempo à criação e à produção de uma boa mensagem. Hoje, na condição de diretor de programa na TV1, passo meu tempo no controle de audiência”. É este o bom caminho? Apesar de minhas reticências sobre o assunto devo reconhecer que existe uma certa conivência entre o Evangelho e as categorias midiáticas de star e do sucesso. Qual a relação entre sucesso e Evangelho? Encontro no dicionário a primeira resposta a esta pergunta. Depois de se referir à etimologia da palavra sucesso (successus, succedere, avançar sobre), o dicionário Robert dá uma primeira definição: “Aquilo que acontece de bom ou de mau após um ato, um fato inicial”. Embora o termo tenha sido utilizado posteriormente no sentido de êxito e bom resultado, eu o tomo aqui no seu sentido primeiro e fundamental: a essência do sucesso não é o êxito, mas o impacto. Realmente, como negar que Jesus fez sucesso? Sua pessoa e suas ações tiveram enormes resultados durante sua vida, e mais ainda depois de sua morte. A Bíblia, que contém o livro dos evangelhos, permanece como o maior sucesso mundial de livraria de todos os tempos. Posso acrescentar: o Evangelho está intrinsecamente ligado ao sucesso no sentido de impacto. No dia em que o impacto acabar, o Evangelho acaba.
            Podemos imaginar Jesus tomando o ônibus, indo à periferia das grandes cidades: Paris, Nova York, Tóquio, Londres, Calcutá, São Paulo. Jesus perdendo-se nessas “supercidades” de 20 a 50 milhões de habitantes que, a não ser em caso de catástrofe, se desenham em nosso futuro. Jesus empurrando um carrinho nos supermercado, Jesus nos arrabaldes, ricos ou imundos, proibidos ou protegidos pela polícia. Jesus no meio de desempregados e velhos, com jovens de penteados espetaculares. O que Jesus teria dito? Ele choraria sobre as nossas cidades como chorou sobre Jerusalém? Uma coisa pode ser considerada certa: ele faria sucesso, no sentido de impacto. Como no passado, ele despertaria o entusiasmo e o conflito. Por quê?

((BABIN Pierre e ZUKOWSKI Ângela An. Mídias chance para o Evangelho. Edições Loyola, São Paulo, 2005.)

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