Um pouco mais de espiritualidade!
Não identificamos Jesus com os
profissionais de comunicação. Jesus não tem nada de jornalista: ele não narra o
fato, ele o faz. Os evangelistas foram chamados de primeiros jornalistas, Paulo
e Pedro apenas fizeram reverberar o golpe. O Evangelho é da ordem do fato, do
golpe. Mas jornalistas e evangelistas têm isto em comum: visam antes de tudo o
impacto, seja este um furo jornalístico ou um milagre, a quantidade de
exemplares vendidos ou o número de fiéis. Por outro lado, Jesus – como os
jornalistas – insere-se de imediato no tecido das infelicidades e das tramas.
Ele prefere os doentes e pecadores aos bem apessoados, os trens que descarrilam
aos que chegam no horário. A Boa Nova não é anúncio de um céu intemporal, é
golpe desferido nas doenças e nos exploradores de então.
Qual foi o segredo de Jesus? Esse
homem testemunhou um amor e uma visão que vinham de outro lugar. Em sua fuga
para o Templo de Jerusalém, aos doze anos, deu provas de caráter e
discernimento fora do comum: fugir assim, e tão jovem, demonstra que o mal era
já uma experiência que o fazia sofrer. Jesus conhecia o mal, fosse ele chamado
de Satã, paralisia ou neurose, dominação dos ricos ou hipocrisia dos
sacerdotes. Além disso, ligado a seu Pai, Jesus mostrou um incrível poder, não
somente de sedução, mas de Solução. O segredo de seu impacto é idêntico ao dos
grandes filmes: Jesus conheceu o mal de sua geração. Ele encarnou a grande luta
cósmica entre Bem e o Mal. O Evangelho... é o Mal que “escoa”.
É nosso dever, como pequenos
profetas, não repetir uma boa nova intemporal, mas ouvir o grito de nossas
populações, a começar pelas mais infelizes. E, ao mesmo tempo, fazer coincidir
a infelicidade e a felicidade, a aflição e a Boa Nova. Saber como transmitir o
Evangelho na televisão é secundário, falso até. A verdadeira questão é esta:
como provocar impacto, como, falando a linguagem de meu povo, engajar-me no grande
combate entre liberdade e escravidão, entre doença e vida, entre morte e Vida
Plena? Eu diria: o sucesso, em termos cristãos é esse tipo de impacto. Vamos
analisá-lo mais de perto, porque tocamos aqui numa das questões fundamentais
que se põem todos os dias para cada comunicador cristão.
(BABIN Pierre e ZUKOWSKI Ângela An. Mídias chance para o Evangelho. Edições Loyola, São Paulo, 2005.)
(BABIN Pierre e ZUKOWSKI Ângela An. Mídias chance para o Evangelho. Edições Loyola, São Paulo, 2005.)
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